Número de municípios com cobertura local supera o de desertos de notícias no Sudeste

Número de municípios com cobertura local supera o de desertos de notícias no Sudeste
Arte de Aleksandra Ramos

A quantidade de municípios com ao menos um veículo jornalístico dedicado à cobertura local superou, pela primeira vez, a de desertos de notícias no Sudeste. Agora, a soma de não desertos e semidesertos corresponde a 50,24% do total, como mostram os dados da 7a. edição do Atlas da Notícia.

A redução do número de cidades sem veículos jornalísticos no Sudeste acompanha a tendência nacional, e se dá em momento de aceleração do fechamento de impressos e expansão do online.

Hoje, das 1.668 cidades da região, 830 não têm nenhum veículo noticioso dedicado à cobertura local. Antes, eram 859. Nos últimos dois anos, desde o lançamento da sexta edição do censo, a queda foi de 3,4%, o equivalente a 29 municípios. De 2020 para cá, a redução é ainda maior, de 967, quando os desertos eram 58% do total, para 830, ou 49,76% dos municípios do Sudeste.

A redução mais expressiva no número de desertos de notícias na região ocorreu em São Paulo, onde 21 municípios deixaram a lista. Com a queda, de 331 para 310 de um total de 645, o estado passou a ter cobertura local na maioria das cidades. Os desertos correspondem a 48,06% dos municípios paulistas.

No Espírito Santo, três desertos foram “reflorestados” nos últimos dois anos. Agora, eles são 25, ou 32,5% dos 78 municípios capixabas. Em Minas Gerais, foram dois, reduzindo o total de 493 para 491, dos 853 municípios mineiros. O estado segue como o com maior percentual de desertos no Sudeste, 57,56%. 

Com uma nova queda, o Rio de Janeiro é o estado com menor percentual de desertos no país. Eles eram sete, dos 92 municípios fluminenses, na sexta edição do Atlas e, nesta, são quatro (4,35% do total).

Entre os municípios que passaram a ter cobertura jornalística local desde a última edição do Atlas, estão Cananéia (SP), Bady Bassitt (SP), Vargem Grande Paulista (SP), Carlos Chagas (MG), Monte Azul (MG) e Jaguaré (ES).

Além de ocorrer uma redução no número de desertos de notícias, a quantidade de quase desertos também caiu significativamente no Sudeste, passando de 410, há dois anos, para 306, nesta sétima edição do censo, uma queda de 25,4%. 

Transformação digital

Acompanhando a tendência nacional, de aceleração da substituição de veículos impressos por digitais, foi registrado o fechamento de 115 jornais na região Sudeste, na sétima edição do Atlas. O número corresponde a uma redução de 8,49% do total, que passou de 1.355 para 1.240.

Em contraponto, o número de sites de notícias aumentou de 1.471 para 1.544, ou 4,96%, desde a sexta edição do censo. 

Isso não quer dizer, porém, que o meio online é imune à crise multifatorial que afeta o jornalismo. Em Minas Gerais, houve redução do número de iniciativas digitais. O saldo ficou negativo em 22 registros, quase o mesmo que o de impressos (23).

Mas o número de novas iniciativas segue superando o de encerramentos. Desde a última edição do Atlas, o meio online é o mais relevante no Sudeste do país, em quantidade de iniciativas jornalísticas. Em São Paulo, nesta edição, o saldo favorável aos veículos digitais foi de 73; no Rio de Janeiro, de 20. E, no Espírito Santo, de dois, compensando as perdas em Minas.

O Estado que mais perdeu veículos impressos na região e no país foi São Paulo. Foram registrados no Atlas 76 fechamentos. Em Minas Gerais, encerraram as atividades 23; no Rio de Janeiro, 13, e no Espírito Santo, três. Por outro lado, o saldo no meio online foi positivo, principalmente em São Paulo, onde foram contabilizados 73 novos títulos em atividade.

Liderança nacional

O Sudeste tem 4.714 veículos jornalísticos ativos, que representam 31,8% do total do país. Em participação, houve uma queda de 0,9 ponto percentual, em relação à última edição do censo. Em número de veículos ativos, houve aumento de 0,13%. Eram 4708, na última edição. Agora, são 4714, seis a mais.

A maior concentração de veículos, não só no Sudeste, mas no país, está em São Paulo. São 2.521 ou 17,02% do total nacional. Mas, apesar de ter ganhado 25 novos títulos nos últimos dois anos, o estado perdeu participação no total. Na edição anterior do censo, ela era de 17,28%. 

Houve queda de participação também em Minas Gerais, de 9,13% para 8,64%, reflexo, em parte, do fechamento de 39 veículos no período. Agora, há 1.280 títulos jornalísticos no estado, contra 1.319, dois anos atrás.

O Rio de Janeiro aumentou ligeiramente sua participação, de 4,76% para 4,78%. No período, saiu de 687 veículos para 708, um ganho de 21 veículos, da sexta para a sétima edição do Atlas.

O número de veículos no Espírito Santo ficou praticamente estável. Houve o registro de apenas um fechamento, reduzindo o total de 206 para 205. No total do país, a participação dos capixabas caiu de 1,43% para 1,38%.

Entre as grandes cidades do país, o Sudeste tem três entre as 20 com mais veículos jornalísticos ativos: São Paulo (889), Rio de Janeiro (254) e Belo Horizonte (105). Nesta edição, pela primeira vez desde a pandemia, a capital fluminense aparece na segunda posição no ranking, ocupada no período ora para Brasília, ora por Curitiba. São Paulo é a primeira e, Belo Horizonte, a nona.

Linha de frente

Contribuíram com a pesquisa nesta edição do censo equipes de estagiários da Escola de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), uma turma de um dos programas de extensão da Faculdade Cásper Líbero, alunos de disciplinas do curso de jornalismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) e voluntárias da Agência de Notícias Científicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Agenc-UERJ), além de mais de voluntários independentes, dos quatro estados do Sudeste.

*Dubes Sônego (pesquisador - Sudeste) é jornalista especializado em negócios, fotógrafo e pesquisador. Formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tem mais de 25 anos de experiência como repórter e editor.

Voluntários

Gilyane de Figueiredo Tomaz 

Yasmin Ferreira de Andrade 

Jéssica Souza 

Marcelo Firpo Musumeci Junior 

Rodrigo Nascimento dos Santos 

Victor Gouvêa 

Francielly Mariana Gomes Barbosa 

João Vitor Campos dos Reis 

Marcello Toledo 

Júlia Salvi Frizenni 

Jaqueline Suarez Bastos 

Júlia Cuqui 

Raquel Silva Rocha 

Thalia Aparecida Gonçalves 

Natasha Gonçalves Meneguelli 

Gabriella Santos Vicente 

Alice Centi 

Edmilson Moreira Dutra 

Bruna Julie dos Santos Franco 

Geovana Souza 

Maria Eduarda 

Rafael F. Carpi 

Laís Souza Gomes 

Karen Ramos Viana 

Everton Luiz Rocha 

Rebeca de Ávila 

Giovanna Oliveira

Bruno Rocha Pereira 

Ester Taragona 

Maria B. Claudia Sampaio 

José Claudio Pimentel 

Luana Cunha Motta 

Rafael Calpena Rodrigues 

João Pedro Cardoso da Silveira 

Maria Clara Rocha e Silva 

Jenny Perossi Brito 

Rodrigo Malagoli 

Victor Evaristo Giovanelli Lopes 

Rafaela Toledo 

Maria Luque 

Millene Souza Araujo 

Rodrigo Matos Mariano 

Gabriella Ramos 

Sofia Ricardo Queiroz 

Danilo de Azevedo dos Santos 

Victor Hugo Alves Louro 

Annick Borges 

Julio Cezar Huber 

Paulo Jose Carneiro Pires 

Ludmila Costa Borba 

Sophia Leite Cunha 

João Pedro Muniz 

Gabriella Vicente 

Bruna Cravo dos Santos Borges de Oliveira 

Ana Pereira Guercio 

Sara Gouvêa 

Miguel Coelho Olpe 

Givanilson Lima Góes 

Wellington Alves da Silva 

Isadora Quaglia